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sexta-feira, 8 de março de 2013

Fazes falta

Eu sou boa para recordar datas, guardo todas, como se guardam pequenos tesouros no baú das memórias, todas exceto uma: o dia em que o meu avô paterno faleceu, essa data varreu-se, não a consigo decorar, esforço-me mas parece ser impossível, sei que foi em Março de 1997, mas o dia nunca o lembro, em nenhum dos 16 anos que já se foram, esse dia foi ontem e mais uma vez eu não sabia, tive que ir "investigar" para concluir que foi ontem.

Foi a minha grande perda até hoje, felizmente nunca mais aconteceu nenhuma grande, das que deixam um buraco e vazio profundo que nunca mais se preenche totalmente, foi-se um pilar familiar, uma pessoa justa, correta, que nos fazia sentir iguais a todos, netos e filhos, que nos mantinha unidos, para o bem e para o mal, depois dele nada mais foi igual, doeu muito na altura, doeu por muito tempo e hoje ainda dói, porque digo-te avô: "Fazes falta, fazes muita falta! Foste cedo demais e ainda havia tanto para partilhar contigo, por isso fiquei triste porque não estavas quando nasceram mais 2 netos no ano seguinte à tua partida, fiquei triste quando fui a primeira neta a terminar a faculdade e não estavas para presenciar, quando casou o primeiro neto, nasceu o primeiro bisneto e os que se seguiram, quando me casei e não pude olhar para os teus olhos claros,  brilhantes, risonhos na igreja.... deixei-te o meu ramo de noiva, no cemitério, no dia seguinte, era o mínimo que podia fazer. Peço desculpa não conseguir decorar a data (dia) em que partiste, mas é simplesmente porque foi tão triste, tão difícil que recordar não é fácil, ou melhor, é impossível. Espero que onde estejas olhes por nós, acredita que precisamos e muito, já me disseram que estás num lugar melhor, mas eu respondi que não acredito porque o melhor lugar onde poderias estar era connosco, a dar-nos de ti o que nos preenchia e a receber de nós tudo que merecias, porque.... fazes falta...."

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